sexta-feira, abril 06, 2018

Aos “Adoradores” de Plantão

Jonas M. Olímpio
https://ebvirtual.blogspot.com.br

Enquanto os aplausos, gritos,
assobios, elogios e sacrifícios
forem dirigidos ao homem, a
adoração não é para Deus; além
do mais, a maior manifestação
de adoração a Deus é expressa
por meio da obediência a Ele e
do amor ao próximo.
    Sim, eu sei! A Bíblia diz que Deus procura adoradores (Jo 4:23,24); mas tem um detalhe: ela diz que Ele procura verdadeiros adoradores, e vai ainda mais além: os mesmos precisam adorar em espírito e em verdade, ou seja: tanto por dentro quanto por fora; tem que ser de coração e não apenas de aparência! Mas o que significa adoração[1] mesmo? Sendo muito mais do que simples manifestação emocional, a adoração consiste em uma vida espiritual e moral íntegra, pois ela precisa agradar a Deus, o qual pode discernir muito além do que se pode ver ou ouvir, pois Ele sonda os corações (Sl 139:23,24). Assim sendo, é preciso entender que para adorar ao Senhor é necessário viver de uma forma cuja conduta seja exemplar e irrepreensível (1ª Co 10:32), pois a verdadeira adoração não denigre a imagem do Evangelho (1ª Co 14:40).    Ultimamente temos visto adoradores de todos os tipos, mas diga com sinceridade: você quer mesmo ser um adorador extravagante e radical? Que tal então adorar igual a Estevão[2] que denunciou o pecado até o fim e morreu vendo a glória de Deus (At 7:53-60)? Muitos querem adorar, mas não querem confrontar os males que contrariam a verdadeira adoração, e ainda usam como pretexto o argumento de que isso é estratégia de evangelismo. Que estratégia é essa que me leva a agir como o pecador ao invés de causar nele o desejo de ser transformado convencendo-o do pecado? Sim, eu sei: isso é papel do Espírito Santo e não meu; mas de que adianta o Espírito Santo querer muda-lo se eu lhe dou exemplos contrários que o fazem pensar que ele está certo? Certo, a Bíblia também fala da loucura do Evangelho da cruz (1ª Co 1:18,21), no entanto, isso se refere a tomar atitudes que pareçam loucas diante do mundo como, por exemplo, renunciar seus próprios direitos para ganhar uma alma (1ª Co 9:19-23), e não ser louco como os que vivem na prática mundana. Quer mesmo evangelizar os jovens? Ore, jejue, pregue e ensine com responsabilidade, porque isso será cobrado de você um dia (Mt 25:24-26,30[3]). Influencie e não seja influenciado por eles! Não se trata de conservadorismo, legalismo, tradicionalismo ou imposição de dogmas[4] denominacionais[5], mas sim da aplicação do verdadeiro contexto bíblico em nossa vida cotidiana (At 3:19[6]). Como posso eu dizer que "sou dos 3" [termo muito usado por um cantor gospel] se estou trazendo o mundo para dentro da igreja? Os 3 estão tristes com muitos de nós agora! Por quê? Porque quem tem os três (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) vive e adora de maneira agradável aos três (1ª Ts 5:23).
    Quer ser um sonhador como José? Em primeiro lugar, José não era um sonhador, ele apenas teve sonhos dados e revelados por Deus (Gn 37:5-10), os quais ele próprio nem sabia que iriam se realizar daquela forma, pois nunca desejou altas posições. Em segundo lugar, ele não vivia de maneira leviana de conformismo com o pecado, ele tinha comunhão e intimidade com Deus. O mal de muitos adoradores da era atual é achar que Deus tem alguma obrigação em realizar seus sonhos esquecendo-se de que muito acima das nossas vontades estão os soberanos propósitos divinos, os quais não podem ser comprados por nossas perecíveis moedas e nem por nossos ingênuos gritos e demais manifestações de uma suposta adoração como muitos andam pregando por aí. Nada contra a adoração pentecostal, pois reações emocionais - desde de que equilibradas (1ª Co 14:32,33) - são totalmente válidas; porém, o mais importante é seu fator condicional, o qual implica na obediência aos mandamentos bíblicos (Tg 2:10). Essa é a grande diferença entre muitos que adoram sonhar e aqueles que têm sonhos dados por Deus como o jovem José. Será que muitos desses que andam "adorando" por aí resistiriam à mulher de Potifar (Gn 39:7,8,10-12); resistiriam à cobiça estando com o poder nas mãos (Gn 39:9; 41:38-40); resistiriam ainda a se vingar dos irmãos que os maltrataram (Gn 45:4,5,15)?
    Levemos o Evangelho mais a sério: O verdadeiro adorador não perde o controle, não se associa aos ímpios, não aceita afronta à Palavra, não negocia os valores morais, não apoia os inimigos da cruz de Cristo em nome da ética e nem se cala diante dos que pregam o inclusivismo religioso em nome da liberdade (Mt 16:24-26). Preconceito? Pregar contra o pecado não é preconceito, é amor pelas almas. Se você vê alguém tomando um copo de veneno e o avisa do perigo, isso seria preconceito? É hora de refletirmos sobre nossa omissão de socorro espiritual (Tg 4:17). Julgamento? Quem salva ou condena é Deus! Nós apenas pregamos a Palavra, e ela sim julga e nos manda julgar segundo o juízo reto (Jo 7:24). Entre várias outras coisas, isso significa denunciar o pecado para não sermos cúmplices daqueles que os cometem (2ª Co 2:17), senão, mais uma vez, estaremos sendo omissos espiritualmente (Ez 3:18).
    Cadê o Evangelho da cruz (Gl 6:12[7])? Onde estão as marcas daqueles que confrontam o mundo (Gl 6:17)? Cadê a disposição para enfrentar as aflições (2ª Co 4:8,9)? Onde estão aqueles que adoram em espírito e em verdade com o coração e não apenas com os lábios (Mc 7:6,7; Tt 1:16)? Mas, infelizmente, é bem mais fácil dizer: "Pare de sofrer!"; "Sua vitória vai ter sabor de mel!"; "Profetize bênçãos na tua vida!"; "Vamos pular, dançar e gritar pra Jesus!". Que me desculpem os "renovadores da liturgia", mas estimular a adrenalina não é adorar! Estou sendo ignorante? Reclame com Deus! Pois aprendi isso foi com a Palavra dEle e, até onde sei, se entendi bem, Ele não mudou e nunca mudará (Hb 13:8,9)! Muitos dizem que pregar contra o modismo gospel é sinal de inveja; agora, me respondam: como poderia alguém que conhece a Palavra ter inveja do pecado sabendo que ele leva à condenação (Rm 6:23)? Já fui chamado de tudo que é nome por defender a verdade, mas podem me chamar do que quiserem porque tais pedradas apenas me fazem ver que realmente estou caminhando na contramão do mundo e isso incomoda os acomodados. Prefiro eu terminar com minha cabeça num prato, do que ser aplaudido por multidões ajudando a conduzi-las ao inferno (Mt 7:21-23). Senhores - e senhoras - "fariseus ungidos", não me levem a mal por causa disso, mas Romanos 12:2 continua fazendo efeito na minha vida! E, ainda que questionem: sim, eu sou pentecostal sim! Por isso, minha adoração é racional (Rm 12:1)!



[1]Adoração: Culto, honra, reverência e homenagem prestados a poderes superiores, sejam seres humanos, anjos ou Deus (Sl 96:9). Na Bíblia há quatro etapas de desenvolvimento da adoração a Deus. Os patriarcas adoravam construindo altares e oferecendo sacrifícios (Gn 12:7-8; 13:4). Em seguida veio a adoração no Tabernáculo e no Templo, com um sistema completo de Sacrifícios. A adoração nas sinagogas começou durante o Cativeiro. Da adoração cristã fazem parte pregação (At 20:7), leitura das Escrituras (1ª Tm 4:13), oração (1ª Tm 2:8), louvor (Ef 5:19) e ofertas (1ª Co 16:1-2), além de batismos (At 2:37-41) e da ceia do Senhor (1ª Co 11:23-29).
[2]Estevão: Foi um dos sete primeiros diáconos da igreja nascente, logo após a morte e Ressurreição de Jesus, pregando os ensinamentos de Cristo e convertendo tanto judeus como gentios. Foi detido pelas autoridades judaicas, levado diante do Sinédrio (a suprema assembléia de Jerusalém), onde foi condenado por blasfêmia, sendo sentenciado a ser apedrejado. Entre os presentes na execução, estaria Paulo de Tarso, o futuro apóstolo Paulo, ainda durante os seus dias de perseguidor de cristãos. Sua história está registrada no livro de Atos (6:1-6; 7:1-60).
[3]Talento: O talento de ouro ou prata era a unidade de moeda romana para grandes quantidades de dinheiro. Ele foi introduzido na Grécia Antiga e depois adaptado para o sistema monetário romano. Um talento era igual a 60 minas, que, por sua vez eram equivalentes a 100 dracmas. Sabendo que uma dracma era igual a 4,5 a 6 gramas de ouro ou prata, um talento significava entre 27 a 36 quilos de metal. Estudiosos calculam que um talento hoje valeria no mínimo 1300 dólares (cerca de dois mil reais). Espiritualmente, os talentos representam os dons que o Espírito Santo nos concede e, na linguagem popular expressa as habilidades especiais de uma pessoa; era um termo muito usado pelos romanos para elogiar uma pessoa de valor.
[4]Dogma: Ponto ou princípio de fé definido por uma Igreja. Conjunto das doutrinas fundamentais do cristianismo. Cada um dos pontos fundamentais de qualquer crença religiosa. Fundamento ou pontos capitais de qualquer sistema ou doutrina. Proposição apresentada como incontestável e indiscutível.
[5]Denominacional: Termo relativo a denominação (designação de uma pessoa ou uma coisa por um nome. Termo usado para definir as diferentes igrejas evangélicas).
[6]Refrigério: Ação ou efeito de refrigerar ou refrigerar-se. Alívio ou bem-estar causado pela frescura (temperatura fresca, equilibrada). Consolação, descanso. Prazer que conforta. Alívio.
[7]Circuncidar: Praticar circuncisão (cerimônia religiosa em que é cortada a pele, chamada prepúcio, que cobre a ponta do órgão sexual masculino).

Jonas M. Olímpio

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